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quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O QUARTO PRATO


O QUARTO PRATO

Quatro pratos.
Ninguém falou nada quando eu, mais uma vez peguei quatro pratos e seus talheres respectivos enquanto a Clau pagava o rapaz da pizza.
Das outras vezes vinha a chateação, todo mundo gozando da minha cara, mas os pratos ficavam ali, já que invariavelmente a Isabela não utilizaria, pois não gostava de pizzas.
Na verdade, nas primeiras vezes ela até ensejou reclamações, do tipo “poxa, ninguém me espera para escolher”, mas com o tempo vimos que isso seria inútil e passamos a “mandar brasa” logo que a fome batia, até para evitar a tarefa de tentar achar um sabor de consenso com ela por ali, que dificultava o processo com seus “não gosto disso e daquilo”, p’ra no fim acabar não comendo nada mesmo.
Mas o quarto prato sempre ficava por ali, na esperança de que, primeiro, sobrasse algum pedaço; segundo: desse nela uma súbita e improvável vontade de comê-lo.
Mas, dessa vez o prato não serviria mesmo para nada.
Ainda bem que não se tornou uma espécie de ritual coletivo a retirada do prato a mais em meio a toda a família e nem ele ficou ali sobrando, nos constrangendo.
Toda a família... Éramos apenas três pessoas.
Só o João Pedro, com sua capacidade de observação e também de regeneração, igual aquelas salamandras ou sei lá que bicho desses que perdem partes do corpo e a reconstroem, só ele eu vi que percebeu e nem chegou a trocar um olhar comigo, pois eu rapidamente inventei alguma desculpa e voltei à cozinha e devolvi à prateleira o prato agora realmente excedente.
E continuamos nosso jantar.  

2 comentários:

Espaço Cultural Corisco Mix disse...

ah seu Lampa! Pratos pra cá, pratos pra lá, me fez lembrar meus pais com o humor dos otimistas: onde comem nove, comem dez! e lá vinha mais um para aumentar a mesa! já cheguei adivinhando seu micro conto...mas o que encontrei foi justamente os (in) versos dessa prosa.

Jorge Lampa disse...

Valeu a atenção, Sandra, vou treinando e conto com suas leituras e observações. Beijo!