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segunda-feira, 30 de julho de 2012

MATULÃO DO LUA - PAIXÃO CRÔNICA, PARTE 01 - RAÍZES


Todo mundo sabe que Luiz Gonzaga foi o "Rei do Baião"! Também sabe que comemoramos neste ano da graça de Nosso Senhor Jesus Cristo de 2012 o centenário de seu abençoado nascimento. Agora o que pouca gente sabe é que estou parafraseando (quase plagiando) a escritora Jaqueline Lima em seu texto proferido num espetáculo. que está em cartaz por aí. Quem sabe disso, sabe que ela é colega, no tal espetáculo, de uma porção de gente boa na qual eu, muito presumido, me incluo.

Ora, mas não escrevo não para divulgar o tal show que ora ensaiamos e apresentamos e sim para chamar os holofotes para que se foquem justamente naquele que o inspira: "Luiz Gonzaga do Nascimento, segundo filho de Januário dos Santos e de Ana Batista de Jesus, neto de José Moreira Franca de Alencar, nascido na fazenda Caiçara, em 13 de dezembro de 1912 e batizado na matriz de Exu no dia 5 de janeiro de 1913. O padre, José Fernandes de Medeiros, sugeriu chamar o menino de Luiz por ter nascido no dia de Santa Luzia, Gonzaga, porque o nome completo de São Luiz era Luiz Gonzaga, e Nascimento, porque dezembro é mês do nascimento de Jesus. E porque não Luiz Gonzaga Januário dos Santos, como se chamaram os oito irmãos e irmãs? Isso, ninguém sabe!". (agora já estou parafraseando... plagiando...? outra mulher "retada", então melhor fazer a devida referência à fonte que vira citação: DREYFUS, Dominique.Vida do viajante: a saga de Luiz Gonzaga. São Paulo: Ed. 34, 1996).

E por falar em devida referência, fica um agradecimento especial e muito sincero ao SESC Santos, especialmente à figura de Wanner Musatto, que nos abriram espaço e estimularam a estréia desse trabalho, no começo de março deste ano.

E vamos em frente, falar do mestre. Gonzaga foi um marco na nossa história. Haverá de haver tempo e espaço nesse humilde blog para esboçarmos algumas de suas contribuições e teremos este ano muitas homenagens e veiculação de informações sobre esse "véio macho"! Uma delas é o filme "Gonzaga - De pai para filho" (por este promo vê-se que será lindíssimo!).

Fica aqui a proposta de complementar o que apresentamos em cena e som com alguns textos e comentários sobre essa obra monumental e outra, a de que valerá a pena comemorar seus próximos aniversários de 101, 102 e assim por diante aniversários de seu autor. Ou seja - não esquecer nunca. Em nosso proveito.

Comecemos.

Uma das canções e contribuições marcantes de Lula (sim, ele era chamado assim!) foi "Respeita januário", lançada em 1950.(vejam se funciona aí o link). Nesta composição, "seu" Luiz em parceria com Humberto "O Homem que Fabricava Nuvens" Teixeira - talvez seu parceiro mais marcante, os descendentes de Zé Dantas vão brigar comigo - faz seu tributo aos "oito baixos de seu pai", o Januário citado acima e ao fazê-lo transforma a expressão que dá título à canção em metáfora para o respeito que se deve aos mestres dos saberes tradicionais e aos antepassados.

Quem discorda da primeira parte, entre lá na página de busca do Instituto Moreira Salles e busque os títulos que estamos referindo aqui, que já vi que os links diretos pros fonogramas não funcionam. Mas vale o "trabalho", oh geração cyber mal-acostumada!

Pois entre lá e ouça as duas versões, a primeira sem a narrativa que a entremeia (eita, as narrativas de Lua... voltamos a esse assunto!) e a outra já com a história toda. Ainda estamos falando de uma saborosa auto-crítica do sucesso e um puxão de orelha em si mesmo para lembrar de onde vêm os "bambas" de sua arte.

Agora, ouça - lá no IMS ou em vários cantos da internet tem o canto poderoso do Rei do Baião - ouça a faixa "Pau de arara", parceria com Guio de Morais, de 1952. Preste muita atenção, "aprecie" a letra desta canção. Curiosamente classificada como gênero "maracatu" - curiosamente nada, preste atenção no gonguê ao fundo e lembre que "tudo isso ele trouxe no seu matulão".

Agora quer ver mais coisa que tem nesse matulão além do triângulo, gonguê, zabumba, xote, maracatu e baião? Se vire e encontre o "Aboio apaixonado" (esta é só dele, o filho de Januário e Santana) e me diga, ele respeitava "os oito baixo de seu pai"?

E digo mais: ouça Feira do Gado (dele com Zé Dantas - outro letrista fundamental na obra de Gonzagão, vamos ter que falar disso também, diacho! ) [agora parece que o link deu mais certo, é só procurar o linkzin' de "áudio" e clicar que vai], depois Rei bantú, com o mesmo parceiro (outro maracatu) e respondam:

Concordam comigo? Então, vão lá e respeitem seus januários!



(p.s.: tem um motivo não tirar os links que deram errado. É chamar a atenção e estimular vocês a frequentarem este site do IMS. Pérolas...)

sexta-feira, 27 de julho de 2012

A INDÚSTRIA FONOGRÁFICA INVENTOU A PIRATARIA


Quando leio numa matéria do vetusto Estadão on-line que "...ficamos sabendo que, para citar só um exemplo, foi apenas recentemente que as gravadoras pararam de produzir cópias clandestinas de CDs na calada da noite – CDs que não constavam no balanço contábil e eram vendidos sem gerar royalties para os artistas –, é difícil levar a sério a ideia de que consumir música sem pagar por ela seja prejudicial para os artistas. Por sinal, o que pôs fim à produção de cópias clandestinas não foi um impulso ético nem um movimento pelos direitos dos artistas – e sim uma lei que atribuía aos executivos a responsabilidade criminal individual por fraudes no balanço", do artigo do escritor e ativista, Cory Doctorow intitulado "O pecado original", de 22 de julho de 2012 reacende a vontade de dizer em alto e bom som o título desta postagem e repetir para quem quiser ouvir: "a indústria fonográfica inventou  - quero dizer, criou as bases para- e fomentou a pirataria que hoje corrói sua própria estrutura".

Não quero dizer com isso que foi essa indústria - talvez   uma das mais predatórias dentro do nosso predatório sistema "capetalista"(o artigo citado corrobora esta opinião)- que inventou o compartilhamento, as condições tecnológicas de compactar e difundir música com extrema facilidade pelo globo quase todo e a banquinha do marreteiro na feira aqui da esquina e lá do Belém do Pará, entre outras condições contemporâneas que vêm mudando o modo de distribuir produtos sonoros. Embora haja quem diga que por trás mesmo desse mercado "paralelo" também haja a mão da sonegação, do caixa 2 e a mala preta da própria indústria (lesando o fisco e os artistas), quase todo mundo diz que o tal paralelismo criou um rombo no faturamento das "majors".

O que quero lembrar são algumas condições de esvaziamento dos hábitos de consumo e  fruição de música, criadas pelos próprios donos da voz, que propiciaram a nossos amigos Francis Drakes e Jacks Sparrows fonográficos tomarem de assalto as naus sem rumo carregadas de ouro e riquezas em forma de fonogramas, direitos autorais e acervos da obra e prestígio dos autores musicais.

Primeira: lá pelos "eighties", inventou-se o "hit", o arrasa-quarteirão, o equivalente musical do blockbuster do cinema e o anglicismo todo é para lembrar que os papas nessas áreas de vender tranqueiras para o mundo todo eram os estadunidenses, além de mestres em invadir países exóticos para roubar petróleo e demarcar territórios (agora parece que a China vem roubando a primazia no primeiro item, mas a difusão "worldwide" de sua cultura sempre foi da expertise - esta já é em português, hem! - dos sobrinhos do Tio Sam). Bem, eles inventaram o que aqui convencionou-se também chamar "música de trabalho", ou seja: uma faixa entre as muitas que se poderiam registrar num lp (e depois muitas mais nas possibilidades tecnológicas do cd) que era bombada nas mídias para que se vendesse de montão o disco (compacto ou não) que a continha, levando de lambuja as restantes 11 ou mais faixas do mesmo, mas sem dar muita bola para elas. 

Estava assim devidamente detonado o conceito de "álbum" que alguns artistas tentaram implantar, principalmente nos anos 60/70. Bem, a ideia foi pro brejo mas ficaram, graças, algumas obras-primas como "The Dark Side of The Moon", "SgtPepper's Lonely Hearts Club Band", "Clube da Esquina", entre outros...


E bombardearam o público pagante e consumidor com mísseis movidos a jabaculê com suas ogivas devidamente carregadas com os tais "hits/músicas de trabalho". Leia-se: criaram a ditadura da canção única a cada disco.


Criaram o comprador de uma faixa, que tinha, por força do mercado, que levar o resto do disco que ele mal ouvia.


E veio a internet, o napster (que hoje parece uma relíquia - a coisa foi outro dia...), os muitos compartilhamentos e aí ficou mais fácil para o consumidor migrar do cd, já que não havia nenhuma necessidade de se obter todas as faixas, o que se queria era o hit (notem que ainda não havia facilidades de baixar os discos inteiros, mas o estrago já estava feito - quase ninguém dava bola para o conceitual "álbum").


Difícil ver uma outra área que tratou seu próprio produto com tanto desprezo quanto a indústria fonográfica. Como se a indústria de sabão esnobasse sua espuma e a dentifrício não se preocupasse em vender seus tubinhos para clarear os dentes de seu clientes. Parece paradoxo mas pensem: a indústria de disco parou de vender discos lá pelos "eighties": vendia hits!!! E entregava, junto, uma bolacha que ela mesma tornou desacreditada. Pois aí vieram os piratas e pintaram e bordaram no terreno preparado pela própria indústria do disco.


A pena é a forma como a cultura musical foi envolvida neste processo, restando pouco espaço para a autoria e as tentativas de trabalhar obras ao invés de produtos. 


Bem, as tecnologias estão aí. Aproveitemos as brechas. Lembrando que nenhum desses processos envolveu coações ou coerções (pelo menos no que diz respeito ao público), apenas comércio - e muita promoção e publicidade.


E que somos nós, no fim das contas, que movimentamos as peças do jogo. Joguemos com inteligência para ver se balança pende um pouco para o lado da arte.


É isso.   







sábado, 21 de julho de 2012

FUÁ E MATULÃO NA FESTA INVERNO - SANTOS - DOMINGO 22!!!

 O Fuá do Moitará apresente seu "Matulão do Lua: Brasil do Gonzagão", espetáculo que homenageia o centenário de Luiz Gonzaga com muito forró pra dançar e performances teatrais para assistir. Dessa forma, a obra  do mestre é trazida para o palco da Festa Inverno, em Santos, SP.


O evento promovido pela prefeitura da cidade rola ao lado da Arena Santos (av. Rangel Pestana, 184, Vila Mathias). Neste domingo (dia 22), estaremos lá das 20h30 às 23h, a primeira parte com um aquecimento com repertório de forró de vários autores (Alceu, Dominguinhos, Gil...) e. em seguida, o "Matulão" completo, com tudo que temos direito!!!!!!!!!!!!!


A entrada é gratuita e tem clima de quermesse, com barracas e outras atrações!!
(fotos de AdilsonFélix)