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sábado, 14 de fevereiro de 2009

ANDAIMES DA FOLIA

No dia 20de fevereiro, fizemos o carnaval do Rolidei.


Vale a pena algumas palavrinhas sobre o repertório.

Carnaval é a grande festa brasileira, tem quem gosta, quem não gosta, mas ninguém consegue ignorar.

No caso de quem gosta, tem quem gosta de encher a cara, beijar na boca, etc. e tem quem (mesmo que goste disso tudo também) gosta dessa explosão de cultura festeira que é a bagunça quarenta dias antes da quaresma.

O carnaval sempre viveu uma certa oposição entre a rua e o salão, mas para nossa história musical tanto um quanto outro produziram grandes pérolas.

Nós tocamos algumas delas.

Daquelas que vêm do salão, tiramos um bocado de marchinhas, que vocês sabem são de grandes feras da canção: Lamartine Babo e Braguinha talvez sejam os maiorais.

A música de carnaval baiana hoje chamada de "axé music" meio que engoliu as outras formas e é uma pena que um segmento tenha ficado bem por baixo dessa "tsunami". Estou falando daquela tendência que surgiu nos 70 de um "frevo baiano" e que tem maravilhas como as coisas do Moraes Moreira (tem uma que diz: " e o frevo que é pernambucano / sofreu ao chegar na Bahia / um toque, um sotaque baiano / pintou uma nova energia...") e é lógico que ele cita a fonte de tudo isso, a "Fobica", o calhambequinho com que Dodô e Osmar inventaram o trio elétrico que hoje domina os carnavais.

Tocamos essas do Moraes e tocamos um bocado de coisa de um disco do Caetano que representou essa onda: "Muitos Carnavais", cheio de frevos bem famosos no nosso cancioneiro. "Chuva, Suor e Cerveja"; "Atrás do Trio Elétrico" e por aí vai.

Aí a gente mergulha na fonte mesmo, os frevos pernambucanos.

Precisava de uns dez anos e verba ilimitada para fazer uma pesquisa e ouvir todo o repertório dessa benção musical que o Brasil recebeu em forma de "big- band" cheia de uma vibração absurda e swing animal!!

Eu sugiro começar por duas coisas: Banda de Pau e Corda e Spok Frevo Orquestra. Pelo que estou vendo enquanto batuco as mal traçadas, as duas têm site e a do Spok dá pra ouvir duas faixas e ficar babando.

Babando de vontade de ir pra Recife. Em poucos lugares do mundo e da história se tem uma música que encanta o ouvido e hipnotiza o corpo como a pernambucana.

Não é à toa que o frevo-canção tem letras tão saudosistas...

Afinal, a gente fica mesmo assim nesse estado de "Recife mandou me chamar..." quando ouve esses frevos e maracatus e tudo mais.

Bem, já que estamos por aqui, quem apareceu no Rolidei sábado teve um pedacinho bem humilde porém honesto dessa folia toda.

E que, como tudo que a gente faz, procura apontar para algo mais, né? essa é a única ambição.

Ver se ouvimos juntos coisa muito boa e muito brasileira;

Com as feras: Eduardo Marques na batera, Odilon de Carvalho e - vamos destacar - o talento e o profissionalismo do Reinaldo Andrade, guitarra de Santos que vale muito a pena ouvir.

Evoé e axé - o verdadeiro;