Diz que os africanos, bambas da transmissão oral, criadores da tradição griot, dizem que "quando morre um mestre, perde-se uma biblioteca!". Falam assim referindo-se a uma cultura baseada na sabedoria transmitida ao vivo, olho no olho, palavra derramada direto no ouvido do aprendiz, ensinando pelo exemplo, pela presença, comer junto, trabalhar na roça, buscar água... coisa impensável para quem adquiriu dependência eletroquímica por silício...
Pois é, perdeu-se uma discoteca no último domingo, último dia de agosto. Foi tocar na festa do céu, com certeza. Com o sapo que foi pra lá na viola do urubu e com Seu Zé Coco do Riachão.
Homem que sabia tudo de cavalo-marinho, tudo de maracatu, tudo de tudo e coco e mais um pouco, rabequeiro, mateus: mestre.
Muito mestre e tão mestre que deixa linhagem e sabedoria pra quem teve o privilégio de conviver com ele. Eu convivi durante 5 minutos, em 2001. A gente tocou no Bar do SESC Santos com a Banda Lampa, forró, abrindo o show dele do Sonho da Rabeca, Bienal da Dança; e trocamos umas idéias no corredor dos camarins. Mas deu pra sentir a simplicidade, a sabedoria, a simpatia.
Deu pra ter certeza que tinha ali biblioteca, videoteca, discoteca, tudo na memória privilegiada e no coração maltratado pela doença de chagas.
Ê, Brasilzão véio em alguns de seus males. Mais velho do que precisava.
Adeus, Mestre Salustiano.
Agora, vamos cuidar dos que ficaram.
Respeita Januário.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
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